Importância do Colesterol na Saúde | This Organic Lab

Hoje na Rubrica This Organic Lab, para continuarmos no tema sobre o coração (consulta o 1º artigo), vamos falar sobre os diferentes Factores de Risco das doenças cardiovasculares, começando pelo Colesterol.

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O que é o Colesterol?

O colesterol é uma gordura muitas vezes vista como prejudicial e que ameaça a boa saúde do sistema cardiovascular. No entanto, não podemos viver sem colesterol. É um tipo de gordura que faz parte das células e é essencial para o bom funcionamento do organismo.

Porque é o Colesterol importante?

Um carro precisa dum motor – o coração – para funcionar. No entanto este só funciona com as porcas e os parafusos – o Colesterol no nosso corpo – a manter a carroçaria e o motor unidos. Sem eles o automóvel não anda. Mas se colocarmos parafusos dentro do motor ele gripa e o carro vai para a sucata. Se possuirmos um excesso de colesterol na “nossa máquina”, o nosso motor também gripa. Não vamos para a sucata. Vamos para o hospital ou para o cemitério.

Em parte, fabricado pelo próprio organismo, sendo também obtido através da alimentação, numa dose máxima de 300 mg/dia.

Quando existe em excesso acumula–se na parede das artérias, como acontece com detritos nas paredes duma canalização, acabando assim por entupi-la (Figura 1).

Figura 1- Placa de colesterol nas artérias
Figura 1- Placa de colesterol nas artérias

 

Funções do Colesterol

É fundamental para:

  • Produção de vitamina D: que aumenta a absorção intestinal de cálcio e intervém na regulação do humor, de ácidos biliares, que auxiliam a digestão;
  • Produção de diversas hormonas, como as hormonas sexuais e o cortisol;
  • Função estrutural: parte constituinte das membranas das células.

Tipos de Colesterol

Existem diversos tipos:

  1. Colesterol HDL;
  2. Colesterol LDL;
  3. Colesterol Total: soma entre LDL e HDL.
  4. Triglicerídeos

Tanto o HDL como o LDL são necessários, contudo nas quantidades adequadas.

Se os níveis de colesterol total no sangue se encontrarem elevados, aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Assim, é importante que estes valores estejam equilibrados, através de uma dieta pobre em gorduras saturadas e trans e com a prática regular de exercícios físicos.

1. Colesterol HDL

As HDL são substâncias transportadoras de uma pequena quantidade de colesterol dos tecidos e dos vasos novamente para o fígado – para ser eliminado.

Por essa razão, é conhecido como o colesterol bom, tendo um papel fundamental para o bom funcionamento do corpo, pois são autênticos “agentes de limpeza” do organismo.

Características:

  • Produção: pelo próprio organismo;
  • Valor ideal: manter sempre acima de 40 mg/dl;
  • Para aumentar o seu nível no organismo: adoptar uma dieta pobre em gorduras saturadas e trans e praticar exercício físico com regularidade.

Valores de referência:

  • Baixo: < 35 mg/dl
  • Ideal:
    • Homens: > 35 mg/dl
    • Mulheres: > 45 mg/dl
  • Doentes de Risco (com doenças cardiovasculares, diabetes ou insuficiência renal): < 40 mg/dl

2. Colesterol LDL

As LDL são substâncias transportadoras de uma grande quantidade de colesterol do fígado – onde é produzido – para os tecidos (dos músculos e dos órgãos) para que este possa ser utilizado.

Se estiverem em excesso, podem acumular-se nas paredes dos vasos sanguíneos e começar a desenvolver um processo inflamatório. É por esta razão que é muitas vezes conhecido como colesterol mau.

Com o tempo, pode dificultar a passagem do sangue e levar a um ataque cardíaco ou AVC, por exemplo.

Características:

  • Valores recomendados variam mediante cada pessoa;
  • Valor considerado alto (para a maioria das pessoas): igual ou superior a 130 mg/dL;
  • Como diminuir o seu valor: ter uma dieta pobre em açúcar e em gordura e praticar alguma actividade física pelo menos 3 vezes por semana.

Valores de Referência:

  • Ideal: < 115 mg/dl
  • Doentes de Risco (com doenças cardiovasculares, diabetes ou insuficiência renal): < 100 mg/dl
    • este valor vai depender do estado de saúde de cada pessoa, nº de factores de risco e patologias existentes – determinados pelo médico, após observação dos exames necessários e da avaliação clínica.

3. Colesterol Total

O colesterol total é a soma do HDL e LDL. Ao possuir um valor alto de colesterol total existe um risco mais elevado de desenvolver doenças cardiovasculares e, por essa razão, os seus valores não devem ultrapassar os 190 mg/dl.

Ultrapassando os 190 mg/dl, o valor do total é menos preocupante se os valores de LDL estiverem normais. Mas a pessoa deverá ter alguns cuidados para evitar que o valor fique muito alto e seja prejudicial à saúde, como:

Valores de Referência:

  • Ideal: < 190 mg/dl
  • Doentes de Risco (com doenças cardiovasculares, diabetes ou insuficiência renal): < 175 mg/dl

4. triglicerídeos

As calorias em excesso vindas da alimentação são convertidas em triglicerídeos e estes são armazenados nas células de gordura. Estes são usados para produção de energia. O problema existe quando se come mais calorias do que se gasta e os níveis de triglicerídeos aumentam, uma condição chamada hipertrigliceridemia.

Caracteristicas:

  • Produção: calorias em excesso da alimentação são convertidas pelo organismo e armezanadas sob a forma de triglicerideos.
  • Valor ideal: manter abaixo de 150 mg/dl;
  • Para diminuir o seu nível no organismo: adoptar uma dieta pobre em gorduras saturadas e trans e praticar exercício físico com regularidade.

Valores de Referência:

  • Ideal: < 150 mg/dL

O médico indicará os níveis de colesterol que devem ser atingidos e mantidos em cada caso, porque dependendo de outras doenças coexistentes, os níveis alvo do colesterol, principalmente do LDL, podem ser diferentes do que os referidos neste artigo. De acordo com as directrizes médicas europeias, os valores ideais para um pessoa saudável são mostrados na figura 2.

Figura 2 - Valores recomendados de colesterol pelas directrizes europeias
Figura 2 – Valores recomendados de colesterol pelas directrizes europeias

O que acontece quando temos o Colesterol elevado?

Quando o colesterol total e o LDL se encontram elevados, aumenta o risco da sua deposição na parede dos vasos sanguíneos, desencadeando um processo inflamatório que tende a aumentar a deposição de mais colesterol e mais substâncias circulantes nesse local.

A este processo dá-se o nome de aterosclerose (sabe mais aqui e aqui). A aterosclerose está na origem de vários problemas cardiovasculares, tais como hipertensão, insuficiência cardíaca, angina de peito, enfarte agudo do miocárdio,acidente vascular cerebral e trombo, uma vez que o processo inflamatório tende a agravar-se e a perturbar o normal funcionamento do sistema circulatório (figura 3).

Figura 3 - Consequências da Aterosclerose
Figura 3 – Consequências da Aterosclerose

A formação da placa aterosclerótica aumenta a rigidez dos vasos sanguíneos e diminui o seu calibre, pelo que a circulação sanguínea é dificultada e o coração necessita de realizar um maior esforço para que o sangue chegue até aos tecidos.

A incapacidade do coração conseguir um afluxo de sangue adequado até aos órgãos pode comprometer o seu funcionamento, incluindo o do próprio músculo cardíaco, quando não é suficientemente irrigado, provocando dores ao nível do peito. Se a placa aterosclerótica obstruir totalmente os vasos sanguíneos, pode provocar derrames, rompimento dos vasos sanguíneos ou a formação de trombos e a sua migração para outras partes do corpo.

Porque temos o Colesterol Elevado

A base e resposta para o desenvolvimento de colesterol elevado reside numa soma de factores que impactam a saúde e desencadeiam os processos inflamatórios do organismo, e o corpo, em resposta, aumenta o colesterol para se defender. Esses factores incluem estilos de vida com stress e ansiedade, sem prática de exercício físico regular, dietas ricas em gorduras processadas e açúcares.

Sintomas de Colesterol Elevado

O colesterol é um inimigo silencioso, porque só quando a canalização entope percebemos que existe um problema. Infelizmente, por vezes é tarde demais e os danos causados podem já ser irreparáveis. Alguns sinais de colesterol elevado podem ser:

  • Angina – uma dor aguda no peito, causada pela redução do fluxo sanguíneo numa ou mais artérias do coração;
  • Ataque Cardíaco – causado por um bloqueio de uma artéria do coração;
  • Acidente Vascular Cerebral – causado por um bloqueio de uma artéria no pescoço ou cérebro;
  • Dor ao andar – causado por um bloqueio duma artéria que alimenta um músculo de uma perna.

Consequências de Colesterol Elevado

Estas doenças são a principal causa de morte no mundo ocidental e também em Portugal. Estima-se que dois terços da população adulta portuguesa têm o colesterol elevado.

Como podemos prevenir?

Para evitar eventos cardiovasculares ou outros complicações de saúde associadas a níveis de colesterol elevado, é necessário prevenir esta situação.

Se, por um lado, existem factores de risco incontornáveis, como a hereditariedade e o aumento da idade, existem outros associados a estilo de vida e que dependem do controlo individual, como hábitos tabágicos, sedentarismo e má alimentação. Assim, devem existir mudanças imediatas como:

1. Estilo de vida saudável

É o mais eficaz mas o mais difícil de realizar de forma eficiente e permanente e inclui:

  • Alimentação saudável;
  • Exercício físico regular;
  • Vida sem stress.

Por vezes parece que é muito difícil mudarmos todos os nossos hábitos de uma só vez, por isso é importante rodearmo-nos das pessoas e das ferramentas certas para que consigamos manter o foco em promover a nossa saúde de forma consistente.

Por este motivo nasceu o #desafio30, especialmente desenhado pela equipa de profissionais de saúde do Vitamina-te, para ajudar quem deseja manter-se saudável a criar novas rotinas diárias ao nível da alimentação, exercício físico e mindset, e a motivarem-se para terem um papel mais activo na sua saúde.

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2. Dieta Controlada

  • Aumentar o consumo de vegetais;
  • Consumir entre 2 a 3 peças de fruta por dia;
  • Consumir cereais e derivados de cereais integrais, em detrimento dos refinados;
  • Aumentar o consumo semanal de peixes gordos e diminuir o consumo de carne, preferindo as carnes “brancas” e sempre retirando a pele e toda a gordura visível;
  • Incluir sementes, frutos oleaginosos e leguminosas na alimentação;
  • Preferir o azeite, óleos vegetais e cremes vegetais em detrimento da banha e manteiga;
  • Evitar ingerir produtos de charcutaria, de pastelaria e confeitaria, snacks doces e salgados e outros produtos processados ricos em gordura saturada e trans e açúcares.

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3. Suplementos Vitamínicos/medicamentos

Os medicamentos não são um método preventivo, mas de tratamento, utilizado no colesterol. Um dos medicamentos mais usados para reduzir o colesterol são as estatinas (sinvastatina,  atorvastatina etc…). Estas actuam na diminuição de formação de colesterol e por isso reduzem os níveis de LDL.

Apesar da intervenção farmacológica com estes medicamentos terem reduzindo o número de acidentes cardiovasculares na população, existem ainda muitas pessoas a não tolerar este tipo de medicamento e também níveis de colesterol acima do ideal nesses doentes que os tomam. Além disso, causam imensos efeitos secundários indesejados que colocam a nossa saúde também em risco noutras áreas.

Mais ainda, é na presença do colesterol que o corpo responde a um processo inflamatório, tal como vimos, e nos alerta para algo que está errado e que temos de mudar. Logo, o objectivo não deve ser eliminá-lo de todo, mas ajudar no seu controlo.

Por estas razões, tem havido cada vez mais estudos a mostrar o papel de certas vitaminas, minerais e fitonutrientes como agentes cardioprotectores e que ajudam a diminuir os níveis de colesterol, como:

  • Vitamina B3: aumenta os níveis de HDL, diminui os níveis de triglicérideos e LDL;
  • Vitamina E e K: funcionam como antioxidantes e previnem doenças cardiovasculares;
  • Vitamina D: ajuda a baixar os níveis de LDL e o Colesterol total;
  • Lecitina: ajuda a emulsionar as gorduras e a “limpar” as artérias, diminuindo a arterosclerose;
  • Ómega 3: funciona como cardioprotector, reduzindo os triglicérideos e a tensão arterial e elevando o nível de HDL (o bom colesterol), tendo ainda uma acção antiagregante plaquetar, anti-inflamatória, antitrombótica e antiarrítmica. Devemos consumir na nossa dieta uma porção de ómega 6 por cada porção de ómega 3, ao contrário do que a maioria das pessoas consome: mais de 30 ácidos gordos ómega 6 (cujo consumo elevado oxida as partículas de LDL o que leva a problemas cardíacos) para 1 de ácidos gordos ómega 3, quando a razão devia ser de 1 para 1;
  • Coenzima Q10: ajuda no transporte e excreção de colesterol e a diminuir a arterosclerose.
  • Alho: é um anti-inflamatório natural, que contribui para o funcionamento normal do sistema imunitário, resistência contra o stress temporário e para a preservação de um coração saudável/níveis de colesterol normais.

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Conselhos Adicionais

Para um melhor controlo dos níveis de colesterol, devemos:

  • Realizar análises sanguíneas periodicamente e controlar os valores de colesterol total, LDL e HDL;
  • Ainda moderar o consumo de álcool, evitando a ingestão frequente de mais de uma ou duas doses diárias;
  • Não fumar;
  • Dormir entre 7h a 8h horas de sono diárias;
  • Controlar o seu peso corporal, reduzindo-o ou mantendo-o dentro dos valores aceitáveis para a sua altura e estrutura corporal.

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Diana Gomes

Susana Veloso

 Bibliografia:

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