A Importância da Prevenção em Saúde | This Organic Lab

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A Organização  Mundial de Saúde (OMS) define a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”.

Em 1960, considerava-se a saúde como a perfeição morfológica, da integridade dos órgãos e aparelhos e equilíbrio mental, na pessoa humana. Assim, durante séculos, a prática da medicina teve como principal objectivo a identificação e a cura das doenças. Pouco ou nada se falava sobre prevenção.

Em pleno século XXI, vivemos uma situação totalmente diferente: a saúde é vista como um dos bens mais preciosos do ser humano e deve ser bem estimada. O foco deve ser não só no indivíduo, mas também considerando a relação do mesmo com o trabalho e a comunidade.

Devemos remontar ao próprio conceito de saúde que a OMS define e considerar a mesma numa perspectiva cada vez mais holística e ampla. Olhar para a pessoa como um todo e como podemos actuar na saúde individual, de modo a prevenir sintomas e doenças, e deixarmos de actuar apenas quando as mesmas se manifestam.

É um voltar às nossas raízes ancestrais e aos velhos ensinamentos que, por diversas razões, foram de alguma forma caindo no nosso esquecimento. Um voltar a adoptar hábitos de vida saudáveis como:

  • Prática de exercício físico regular
  • Alimentação equilibrada
  • Evitar a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas
  • Evitar o consumo de tabaco
  • Beber muita água
  • Visitas regulares ao médico para a realização de exames preventivos

Contudo, apesar desta nova auto-consciência, infelizmente, acções eficazes em medicina preventiva ainda não fazem parte da nossa realidade. E todos os actos na promoção da saúde visam melhorar o nosso estado de saúde, a nossa qualidade de vida e o nosso bem-estar, sendo indubitavelmente – como vamos ver – um dos pilares essenciais, a prevenção de doenças.

Prevenção em Saúde

A saúde é um pré-requisito para a prosperidade económica. Embora vivamos mais anos, vivemos com pior saúde: mais limitados, mais dependentes, menos produtivos e menos activos socialmente. Porquê?

As doenças crónicas são o grande desafio em saúde pública no século XXI. Estas caracterizam-se pela longa duração, progressão geralmente lenta e não transmissibilidade, existindo 4 grupos principais: doenças cardiovasculares, cancros, doenças respiratórias crónicas e diabetes.

Em Portugal, no conjunto das doenças com maior impacto na população, que conta com mais de 10 milhões de habitantes, em termos de morbilidade, incapacidade e morte prematura, destacam-se, entre outras:

  • Doenças do aparelho circulatório: 18%
  • Neoplasias: 17%
  • Perturbações músculo-esqueléticas: 15%
  • Doenças do foro mental e do comportamento: 10%
  • Diabetes e outras doenças endócrinas, doenças do sangue e doenças do aparelho urogenital: 7%

A OMS estima que, em 2020, as doenças crónicas sejam responsáveis por mais de 60% das mortes e 43% da carga global de doença. Cerca de 79% das mortes atribuídas a estas doenças ocorrem nos países desenvolvidos…

Como explicar?

Se, por um lado, os avanços da medicina nos permitiram eliminar ou controlar doenças anteriormente fatais, por outro, o stress, a poluição e os maus hábitos (alimentares e não só) predispõem-nos para outro tipo de patologias.

Factores de risco ordenados por peso na carga de doença (DALY em valor absoluto e percentagem) segundo as doenças associadas, ambos os sexos, Portugal, 2010. DALY= disability-adjusted life year; DALY é uma medida da carga de doença global, expressa como o número de anos perdidos devido a doença, deficiência ou morte precoce.

Sabiam que:

  • O tabaco mata cerca de 6 milhões de pessoas por ano?
  • Em 2010, mais de 300 000 mortes terão sido devidas a cancros causados pelo consumo excessivo de álcool?
  • Em 2012, a poluição exterior terá contribuído para mais de 3 milhões de mortes prematuras?

Um estudo recente para a Direcção Geral de Saúde em Portugal revela que, em 2016, podíamos ter evitado 41% do total de anos de vida saudável perdidos por morte prematura, bastando para tal eliminar factores de risco comportamentais como:

  • Consumo excessivo de álcool
  • Tabaco
  • Má alimentação

Se considerarmos o excesso de peso, a percentagem seria ainda maior!

PÚBLICO -

O caminho a seguir parece óbvio, não é? Prevenção primária, prevenção secundária e promoção da saúde!

Contudo, apesar da evidência crescente nesta matéria, os orçamentos de saúde continuam a privilegiar o tratamento (97%) em prol da prevenção (3%).

Há que mudar o paradigma: investir na prevenção é poupar no futuro.

A medicina personalizada – O futuro da saúde

Mediante este panorama, cada vez mais caminhamos para um retorno à definição de Saúde, com foco no Ser Humano no seu todo. Desta forma, faz sentido adoptar uma medicina personalizada com análises complementares de base genómica, epigenética, biologia de sistemas, ciências comportamentais e de estilo de vida permitindo direccionar diversas variáveis, como ambiente, exercício e alimentação, para o tratamento de doenças.

Comprovadamente, a alimentação influencia o estado de Saúde.

Os maus hábitos alimentares podem apresentar-se de diferentes formas, por exemplo, ingestão insuficiente de fruta, de vegetais, de frutos secos e sementes, e excesso de consumo de sal e carne processada.

Estimativas da carga global de doença atribuível a hábitos alimentares inadequados, expressa em DALY, Portugal, 2010

O consumo excessivo de sal está claramente identificado com um dos principais problemas em Portugal: estima-se que a sua ingestão diária (10,7 grama) seja cerca do dobro da recomendação da OMS (<5 grama)! Além disso, o baixo consumo de fruta constitui o risco alimentar evitável que mais contribui para a perda de anos de vida saudável.

Além disso, existe também bastante evidência da associação entre o consumo de alimentos ricos em minerais, vitaminas e fitonutrientes, como frutas e vegetais orgânicos, e a prevenção e tratamento de doenças crónicas. Isto deve-se à ausência de resíduos de pesticidas (como o nitrato), usados na produção convencional, e à maior quantidade de micronutrientes com efeitos anti-oxidantes (como vitamina C, ferro, magnésio, fósforo).

Variações da Quantidade de Vitaminas e Minerais em Frutas e Vegetais, entre 1985 e 2002, em alimentos provenientes de supermercado

Outro facto importante a ter em conta é o declínio no valor nutricional dos alimentos ao longo das últimas décadas (como se pode ver na imagem ao lado), que influencia a quantidade de micronutrientes e vitaminas que ingerimos e, assim, a nossa saúde.

Deste modo, uma alimentação mais consciente tem impacto nas carências nutricionais e consequente sintomatologia. Conhecer a proveniência dos alimentos que consumimos, a forma de produção e o que contêm, é importante para uma alimentação mais equilibrada.

Assim, a promoção da saúde está, antes de mais, nas mãos de cada um de nós, uma vez que nos cabe tomar as decisões diárias que mais influenciam o nosso bem estar.

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Diana Gomes

Dina Mendes

Andreia Pereira

Susana Veloso

Bibliografia:

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